“O Caminho é o Vazio
E seu uso jamais o esgota
É imensuravelmente profundo e amplo
Como a raiz dos dez mil seres”
Tao Te Ching – Cap 4
Meditar é esvaziar.
Esvaziar a mente dos pensamentos, dos desejos, das expectativas, dos conceitos e preconceitos, dos julgamentos e apegos, de toda a fauna exótica que povoa a nossa agitada metrópole mental. Esvaziar o coração das mágoas, ressentimentos, angústias, revoltas, traumas, medos e sofrimentos, ansiedades e frustrações, assim como toda a sorte de ruídos internos que preenchem o campo dos nossos sentimentos. Esvaziar o corpo das tensões, dores, incômodos, desconfortos, desalinhos, estagnações e desarmonias, assim como de todo tipo de impurezas, físicas ou sutis, que obstruam o livre fluxo das transformações no templo sagrado da nossa vida.
Esvaziando a mente, o que sobra é a luz pura de uma consciência límpida e transparente, que enxerga a vida, as coisas e os seres como realmente são, sem apegos e julgamentos, sem expectativas ou desejos. Libertando a mente destes grilhões, podemos contemplar de modo autêntico e desimpedido todas as maravilhas do universo. Sem limites…
Esvaziando o coração, o que sobra é a pura afetividade da nossa natureza humana, que nos permite experimentar a vida através do fluxo mágico, poético e indescritível do sentimento. Quando os pesos da vida são dissolvidos, o espírito do coração pode banhar-se despreocupadamente no lago plácido da felicidade. Sem grilhões…
Esvaziando o corpo, o que sobra é a sensação de leveza e liberdade por habitarmos um ambiente arejado, iluminado, limpo e aconchegante. Quando os fluidos vitais do céu e da terra conseguem circular sem bloqueios nas trocas, entrando e saindo, subindo e descendo, nutrindo e purificando, o corpo pode experimentar o vigor e a vitalidade, o equilíbrio e o bem-estar. Sem impedimentos…
A receita dos antigos mestres taoistas para o cultivo de uma vida abundante e de uma consciência iluminada, mesmo sendo milenar, continua muito atual e útil para todos nós: simplificar a mente e a vida, preservar a afetividade e as relações, trilhar com humildade os caminhos naturais do equilíbrio.
Realizar obras exteriormente pode engrandecer o homem. Realizar a obra interior pode torná-lo pleno… Conhecer o mundo e suas maravilhas pode enriquecer o homem. Conhecer a si próprio pode levá-lo a uma autêntica satisfação… Dominar a forma e a palavra pode enobrecer o homem. Dominar o silêncio e penetrar no Vazio pode conduzi-lo à autêntica realização…
Se os obstáculos da vida ainda impedem o seu de cultivo de silêncio e Vazio, está aí uma razão mais do que suficiente para começar a praticar! Meditar é o caminho…
E o Caminho é o Vazio!
Saúde e longevidade!
Wagner Canalonga
Texto publicado na edição nº 11 da revista Meditação Express, em março de 2008.
Venha meditar com a gente!!
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Meditação e estudo do Tao Te Ching (O Livro do Caminho e da Virtude) – segundas, 20h.
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